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Saúde

Crise na Santa Casa de Campo Grande se agrava: superlotação, falta de insumos e colapso financeiro

Por Wander Lopes

16/06/2025

 

Hospital enfrenta caos estrutural e funcional enquanto população sofre com atendimento precário e incertezas

Campo Grande (MS) — A Santa Casa de Campo Grande, maior hospital filantrópico de Mato Grosso do Sul e referência para mais de 1 milhão de pessoas, atravessa uma das piores crises de sua história. Superlotada, sem insumos e com dívidas que ultrapassam R$ 13 milhões por mês, a instituição opera no limite da capacidade e coloca em risco a vida de centenas de pacientes diariamente.

A Unidade de Decisão Clínica – Não Crítica, por exemplo, conta com apenas 7 leitos, mas abriga atualmente 47 pacientes. A cena se repete em diversos setores do hospital: corredores lotados, profissionais exaustos e filas que se estendem além da recepção. O pronto-socorro, projetado para 40 pacientes, atende mais de 80.

Sistema em colapso

Além do drama da superlotação, há uma escassez alarmante de medicamentos e materiais cirúrgicos. Recentemente, um boletim de ocorrência foi registrado pela direção da unidade alertando que cerca de 70 pacientes da ortopedia, internados em estado grave, correm risco de morte pela ausência de insumos para cirurgia.

“Trabalhamos no limite, sem materiais básicos como gaze, soro, medicações. É desumano tanto para os profissionais quanto para os pacientes”, relata um enfermeiro, que preferiu não se identificar por medo de represálias.

Crise financeira se aprofunda

O rombo financeiro da Santa Casa ultrapassa R$ 150 milhões em dívidas acumuladas. O déficit mensal é estimado em R$ 13,2 milhões. Para funcionar com o mínimo de dignidade, os repasses públicos precisariam praticamente dobrar, segundo a própria administração do hospital. A receita atual de R$ 383,5 milhões ao ano é insuficiente para cobrir os custos operacionais de R$ 542,4 milhões.

A crise levou à suspensão de cirurgias eletivas, atraso no pagamento de salários, e à suspensão de diversos serviços ambulatoriais. Médicos terceirizados ameaçam parar, e fornecedores deixam de entregar materiais por falta de pagamento.

Ministério Público e Vigilância Sanitária atuam

A gravidade da situação chamou a atenção do Ministério Público Estadual, que instaurou inquérito para investigar falhas administrativas, paralisações de atendimento e o desabastecimento generalizado. A Vigilância Sanitária também autuou a instituição por irregularidades na manipulação de alimentos, apontando risco de contaminação cruzada.

Sem prazo para solução

Apesar das medidas emergenciais, não há previsão para normalização dos atendimentos. A população, desassistida, paga o preço pela má gestão crônica e pela falta de compromisso de diferentes esferas do poder público.

Enquanto isso, a Santa Casa, símbolo da saúde pública no estado, agoniza em meio à omissão e à burocracia. A pergunta que fica: até quando?

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