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Curiosidade

Paulo Constantino: o nome por trás do Consórcio Guaicurus e os bastidores do transporte público em Campo Grande

Por Wander Lopes

25/05/2025

 

Campo Grande (MS) – À frente do transporte coletivo da capital sul-mato-grossense está um nome que há anos circula nos bastidores do poder e dos negócios: Paulo Constantino, presidente do Consórcio Guaicurus, entidade responsável pela operação dos ônibus urbanos de Campo Grande.

Formado por quatro empresas – Viação Cidade Morena, Viação São Francisco, Jaguar Transporte Urbano e Viação Campo Grande – o Consórcio Guaicurus venceu a licitação de 2012 e passou a controlar o sistema de transporte público da cidade. Desde então, Paulo Constantino assumiu papel de liderança no grupo, sendo o porta-voz em negociações com o poder público e representante direto nas disputas tarifárias, greves e questões estruturais.

O sobrenome Constantino, no entanto, carrega peso e influência muito além das ruas da capital. A família é conhecida nacionalmente por sua atuação no ramo de transportes, com ramificações que incluem empresas de aviação e viações rodoviárias em diversos estados. A própria GOL Linhas Aéreas, por exemplo, nasceu da trajetória empresarial dos Constantino, que também já foram alvos de investigações e denúncias por monopólio e favorecimento em contratos públicos.

Em Campo Grande, o domínio do Consórcio Guaicurus tem sido alvo constante de críticas da população e da Câmara Municipal, sobretudo em relação à qualidade do serviço prestado, ao valor das tarifas e à falta de renovação da frota. Em meio a greves e paralisações, Paulo Constantino costuma ser o nome que aparece nas manchetes como o negociador-chefe, mas também como símbolo de um modelo que muitos consideram esgotado e concentrador.

CPI do Transporte: pressão política e apurações em andamento

A situação chegou a um ponto de ruptura em 2023, quando foi instaurada a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo na Câmara Municipal de Campo Grande. Com forte apoio popular, a CPI visa investigar possíveis irregularidades no contrato de concessão, repasses públicos ao consórcio, falta de transparência nas planilhas de custos e indícios de favorecimento na licitação que deu origem à concessão.

Durante os trabalhos, já foram ouvidos representantes do consórcio, técnicos da prefeitura e membros do setor jurídico do município. Documentos sigilosos foram requisitados, e a atuação de Paulo Constantino tem sido diretamente questionada pelos parlamentares, sobretudo quanto à suposta concentração de poder e à resistência em abrir a “caixa preta” do sistema.

Relatórios parciais da CPI apontam inconsistências nos critérios de reajuste tarifário, ausência de fiscalização efetiva do poder público e indícios de favorecimento político no modelo de concessão. A expectativa é que o relatório final seja apresentado até o segundo semestre de 2025, podendo inclusive recomendar a rescisão contratual ou encaminhamento ao Ministério Público Estadual.

Apesar das polêmicas, Paulo Constantino mantém sua posição e continua sendo peça central no xadrez do transporte coletivo em Campo Grande. Para muitos, ele representa a face empresarial de um sistema que resiste às mudanças. Para outros, simboliza o poder de grupos econômicos que controlam serviços essenciais com pouca transparência e escuta popular.

Enquanto a população sofre com ônibus lotados, atrasos e tarifas em constante reajuste, o nome Paulo Constantino continua firme no comando de um dos setores mais sensíveis da vida urbana: o direito de ir e vir.

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