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Política

A revoada tucana: quando até o puxa-saco troca de ninho

Por Wander Lopes

14/05/2025

 

Nos bastidores da política brasileira, não é de hoje que partidos vivem altos e baixos — mas o que se vê atualmente no ninho tucano vai além de uma simples crise: trata-se de uma verdadeira debandada. O PSDB, outrora protagonista de eleições presidenciais e símbolo da chamada "política da responsabilidade", hoje assiste à fuga coletiva de seus quadros mais conhecidos, do governador ao mais devotado puxa-saco de gabinete.

O fenômeno, apelidado com certo sarcasmo de "revoada tucana", revela mais que insatisfação interna; escancara o esgotamento de um projeto político que já não empolga nem seus próprios militantes. Governadores, prefeitos, vereadores e cabos eleitorais estão trocando de partido como quem troca de camisa — e, em muitos casos, já com olho em 2026. A fidelidade partidária virou artigo de luxo.

O que torna o cenário ainda mais constrangedor é que a sigla, que um dia foi símbolo da ficha limpa e da ética na política, agora está abarrotada de denúncias. Acusações por suspeitas de ilícitos se acumulam contra vários de seus integrantes, muitos dos quais ocupam cargos de destaque dentro do próprio partido. De promotores da moralidade a alvos de investigações — essa tem sido a triste metamorfose tucana.

Essa crise ética se soma ao desmanche político. A cada semana, mais uma liderança abandona o barco. E não por princípios ou ideologia — mas pelo puro cálculo eleitoral. Se o partido já não garante visibilidade, recursos ou poder, muitos simplesmente pulam fora, inclusive aqueles que até ontem defendiam o PSDB com fervor quase religioso.

A ironia maior é ver figuras que antes bajulavam lideranças tucanas agora renegando o passado, apagando postagens antigas e posando de "renovação" em novas legendas. A lealdade, como sempre, é a primeira a sair pela porta dos fundos.

O PSDB, que já foi referência nacional em gestão e símbolo de uma direita moderada, agora tenta sobreviver entre os escombros da própria reputação. E a pergunta que fica é: há salvação para um partido que perdeu até seus puxa-sacos mais fiéis?

Por ora, tudo indica que o ninho ficou vazio — e coberto por denúncias.

Saindo pela direita.

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