Senai-MS participa de estudo da Petrobrás que transforma resíduos de pesca na Amazônia em combustível e ração

O Instituto Senai de Inovação em Biomassa (ISI Biomassa), localizado em Três Lagoas, é um dos parceiros de estudo realizado pela Petrobras, com apoio da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que transforma resíduos pesqueiros da região da Amazônia Legal em fontes de energia limpa e produtos úteis para a economia local. Também fazem parte do projeto, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Fundação Getúlio Vargas, por meio da FGV Energia.
Para o diretor do ISI Biomassa, João Gabriel Marini, é emblemático para o instituto atuar com parceiros de relevância nacional e internacional na busca de alternativas renováveis e favoráveis ao meio ambiente. “Saber que uma empresa do tamanho e da importância da Petrobras confia em nosso trabalho, nos motiva. Unimos as competências do ISI Biomassa com a FGV e UFAM, na busca da valorização de um resíduo que poderá beneficiar toda a cadeia da pesca, trazendo soluções sustentáveis para o meio ambiente e sociedade”.
O Termo de Cooperação foi assinado no início de junho pela presidente da Petrobras Magda Chambriard, na sede da Petrobras, no Centro do Rio.
“Entendemos que o esforço em prol de um Brasil mais rico, mais desenvolvido tecnologicamente e mais limpo é o nosso legado para as gerações futuras. Temos sido, ao longo das últimas sete décadas, e queremos continuar sendo, parte atuante das soluções necessárias à construção do nosso país”, disse a presidente da Petrobras, na cerimônia de assinatura da parceria.
A ideia é simples e poderosa: transformar o que hoje é lixo — restos de peixe descartados pela indústria e pela pesca artesanal — em biocombustíveis, como biogás, biometano e biodiesel, além de biofertilizantes e ração animal. Com isso, o projeto quer reduzir a poluição, gerar emprego e renda, e ainda fortalecer a economia das comunidades tradicionais e ribeirinhas da região, comenta o coordenador de novos negócios do ISI Biomassa, Leandro da Conceição.
Entre as ações principais está a retirada de óleos e gorduras dos resíduos para produzir biodiesel, além de estudar como esses restos podem gerar biogás, com ou sem a extração desses óleos.
De acordo com o líder do projeto, Rodolfo de Andrade Schaffer, outra ideia importante é aproveitar a parte proteica dos resíduos para fabricar ração animal — um alívio para quem trabalha com piscicultura, já que o custo da ração representa até 80% do gasto na criação de peixes. O projeto também vai testar misturar os resíduos da pesca com subprodutos do biodiesel, como a glicerina, para aumentar ainda mais a produção de biogás. E tem mais: será criado um Atlas de Biogás e Biometano, mostrando onde há mais potencial de geração desses combustíveis na Amazônia e no Brasil.
O projeto prevê ainda a instalação de uma planta piloto modular de processamento no campus da UFAM, que vai servir de modelo para outras regiões do país, estimulando a bioeconomia e a redução do uso de combustíveis fósseis.
“Fazer parte de um projeto tão desafiador, e enriquecedor do ponto de vista, econômico, ambiental e também social, é o que nos move a nos dedicarmos à pesquisa no Brasil. Desenvolver e implementar soluções efetivas e robustas para a economia nacional é o nosso principal foco.” completa a chefe de pesquisa do ISI Biomassa, Layssa Okamura.
Inclusão, geração de renda e melhoria na qualidade de vida das comunidades
Além de ajudar o meio ambiente, a iniciativa valoriza a pesca, que é uma das principais atividades econômicas da Amazônia e emprega cerca de 50% de mulheres. O projeto promove, assim, mais inclusão social, geração de renda e melhoria na qualidade de vida das comunidades locais em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela ONU (Organização das Nações Unidas).
O projeto é, portanto, muito mais do que uma solução tecnológica. É um exemplo concreto de como é possível transformar problemas em oportunidades, aliando inovação, responsabilidade ambiental e desenvolvimento socioeconômico.
No final, o objetivo é mostrar que, com tecnologia e inovação, é possível cuidar do meio ambiente, fortalecer a economia regional e ajudar o Brasil a reduzir a emissão de gases do efeito estufa, caminhando para uma economia mais verde e sustentável.