Operação Vostok: Justiça mantém bloqueio de R$ 277 milhões de Azambuja, e possível condenação pode torná-lo inelegível
Ex-governador de MS é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro em ação que pode retornar ao STJ; eventual condenação o enquadraria na Lei da Ficha Limpa

A Justiça de Mato Grosso do Sul decidiu manter o bloqueio de R$ 277 milhões em bens do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB), no âmbito da Operação Vostok. A ação investiga supostos esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo incentivos fiscais concedidos à empresa JBS durante sua gestão.
A decisão foi proferida pelo juiz Eduardo Eugênio Siravegna Júnior, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande. O magistrado entendeu que ainda há risco de dilapidação patrimonial e apontou indícios de confusão entre o patrimônio pessoal e familiar de Azambuja. Por esse motivo, os bens do ex-governador e de seu filho Rodrigo Souza e Silva permanecem indisponíveis, enquanto os da esposa e de outros filhos foram liberados.
A Operação Vostok apura o pagamento de R$ 67,7 milhões em propina a Azambuja, em troca de benefícios fiscais à JBS entre 2014 e 2016. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal e aguarda tramitação, com possibilidade de retorno ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), caso haja novo foro privilegiado.
Especialistas em direito eleitoral alertam que, se houver condenação por órgão colegiado, Azambuja poderá ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa, ficando inelegível por até oito anos. A medida comprometeria eventuais planos políticos do ex-governador, como uma possível candidatura ao Senado nas eleições de 2026.
O ex-governador nega irregularidades e afirma que os incentivos fiscais concedidos seguiram critérios técnicos e legais. Sua defesa ainda não se manifestou oficialmente sobre a manutenção do bloqueio.
A Operação Vostok é considerada um dos desdobramentos mais relevantes da delação premiada dos executivos da JBS e representa um teste importante para o enfrentamento da corrupção nos estados.